O que é diabetes gestacional e como evitá-la através da alimentação
Ocasionada através do excesso de açúcar no sangue, a diabetes gestacional (ou diabetes mellitus gestacional – DMG) é um problema muito comum durante a gravidez. Somente no Brasil, estima-se que há mais de 150 mil casos diagnosticados por ano que, se não forem tratados da forma certa durante a gestação, podem persistir após o nascimento do bebê.
Para entender melhor sobre o assunto e aprender como evitar essa doença através da alimentação e de outras práticas saudáveis, nós conversamos com a nutricionista Liliam Teixeira que é especializada em nutrição para diabetes e nutrição materno-infantil.
Afinal, o que é diabetes gestacional?
Para suprir as necessidades nutricionais do bebê, o aumento da quantidade de açúcar no sangue de uma mulher grávida é um processo que acontece naturalmente. No entanto, quando esse açúcar não se transforma em energia – ou quando o organismo da mulher não produz a quantidade necessária de insulina, criando, assim, uma certa resistência -, a diabetes gestacional pode ser desenvolvida.
“De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, a placenta é uma fonte importante de hormônios que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo. E com isso o pâncreas dessa mulher aumenta a produção de insulina para compensar esse quadro. Mas cada mulher reage de uma maneira diferente com essa grande mudança hormonal e em algumas esse processo pode não ocorrer, ocasionando o diabetes gestacional”, explica a nutricionista Liliam Teixeira.
Diabetes gestacional: quais são os sintomas e os riscos dessa doença?
Segundo a especialista, a diabetes gestacional pode ocorrer em qualquer mulher mesmo sem apresentar sintomas aparentes e, quando desenvolvida, a doença pode ocasionar uma série de complicações na vida da mãe e do bebê.
“É necessário acompanhar durante toda a gestação, pois o aumento dessa glicose pode gerar macrossomia fetal (que é o crescimento excessivo do bebê), além hipoglicemia neonatal, partos traumáticos e possível diabetes na vida adulta. Por isso, o ideal é ter um acompanhamento da alimentação junto à sua nutricionista especialista em Nutrição Materno-Infantil e ao seu obstetra”, afirma.
A especialista explica, ainda, que o acompanhamento do quadro de diabetes gestacional acontece em partes. De acordo com ela, geralmente a partir do 6° mês o obstetra solicita um exame de tolerância a glicose para avaliar a possibilidade de alguma alteração. “Para ter o diagnóstico de diabetes gestacional a glicose de jejum virá igual ou maior a 92mg/dl ou, após 1 hora da ingestão do açúcar, a 180mg/dl e após 2 horas, a 153mg/dl”, explica.
Além disso, a nutricionista também explica quais são aos fatores de riscos que podem ajudar a ocasionar a doença. De acordo com ela, “o que pode ser um fator de risco para aumentar a probabilidade de ocorrer o diabetes gestacional é ganho de peso excessivo (sobrepeso ou obesidade), idade materna avançada, história familiar de diabetes, história de diabetes gestacional, SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos), hipertensão arterial na gestação e gravidez de gêmeos”.
Como evitar a diabetes gestacional através da alimentação?
Além da importância de ter um acompanhamento médico, a nutricionista ressalta outros pontos que podem ajudar a evitar ou prevenir a diabetes gestacional, como ter uma alimentação saudável e balanceada que esteja de acordo com as necessidades nutricionais do bebê.
“Durante a gestação, a nutrição precisa ser ajustada para cada fase da gravidez, pois a cada trimestre as necessidades nutricionais mudam de acordo com o crescimento do bebê. O que seria o ideal? A mulher se planejar, começar um acompanhamento nutricional em torno de 3 meses (ou mais) antes de engravidar, para ajustar o peso da mãe, ter qualidade na alimentação e, se necessário, fazer uma suplementação de vitaminas”, afirma Liliam Teixeira.
Para finalizar, a nutricionista separou algumas dicas de alimentação que podem ser seguidas para garantir a saudabilidade da mãe e do bebê durante a gravidez. São elas:
1. Evitar o consumo de açúcares em geral, como mel, melado, doces, refrigerantes e bebidas adoçadas com açúcar, podendo utilizar adoçantes naturais indicados pela nutricionista de forma individualizada;
2. Consumir alimentos ricos em cereais integrais e leguminosas, como lentilhas, ervilhas e grão-de-bico;
3. Controlar a quantidade de porções de frutas ao longo do dia, principalmente o excesso de suco de frutas;
4. Consumir hortaliças cruas e cozidas, para garantir o fornecimento de vitaminas, minerais e fibras. As fibras insolúveis, como grãos integrais e hortaliças, ajudam a combater a constipação;
5. Beber cerca de 6 a 8 copos de água por dia nos intervalos das principais refeições, bem como chás, refrescos naturais de limão, maracujá ou caju;
6. Evitar o consumo de suco de fruta concentrado por ser feito com muitas unidades de fruta e acabar elevando o consumo diário de açúcar;
7. Optar por sucos de laranja, manga e uva quando estiver com hipoglicemia (glicemia abaixo de 70mg/dl) ou depois de atividades físicas;
8. Consumir laticínios: de acordo com a especialista, eles são necessários para garantir proteínas e calorias adicionais necessárias ao crescimento do feto, além de fornecerem uma boa quantidade de cálcio;
9. Moderar no consumo e no uso do sal e de alimentos ricos em sódio;
10. Prestar atenção nas embalagens de produtos diets ou lights para verificar se realmente possuem açúcar e qual é a quantidade de carboidratos;
11. Preparar receitas em casa: essa é uma das melhores formas de controlar a qualidade dos alimentos.