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Movimente-se 11/10/2019

Síndrome de Prader-Willi: como tratar essa doença que gera fome excessiva

Uma doença praticamente desconhecida pelas pessoas e que tem como sintoma a compulsão alimentar: essa é a síndrome de Prader Willi, um distúrbio raro que acomete um a cada 15 mil nascidos no mundo. Apesar de não ser comum, essa síndrome, descoberta em 1956 e que leva o nome dos médicos que a estudaram, pode ser fatal. A doença não tem registro no Brasil, mas, por ser fruto de uma anomalia genética, pode acontecer com qualquer pessoa. Saiba mais sobre ela:

A fome insaciável é o principal sintoma

Segundo a nutricionista Anete Mecenas, a doença é uma anomalia cromossomial. “A síndrome é uma anomalia do cromossomo 15 de origem paterna e que ocasiona alguns sintomas como hipotonia muscular (falta de força e firmeza nos músculos), atraso na escrita e fala e hiperfagia (compulsão alimentar)”. O portador da síndrome começa a desenvolver uma fome compulsiva na infância, a qual nenhuma refeição é suficiente para saciá-la, sendo esse o principal sintoma e o primeiro a aparecer.

O cérebro é o principal afetado

A psicóloga Michelle Lage explica que a Prader-Willi é uma doença que atinge uma parte específica do cérebro, que causa a compulsão. “A síndrome afeta a parte neurológica do indivíduo por estar relacionada a alterações no hipotálamo, parte do nosso encéfalo responsável, dentre outras coisas, pela produção de diversos hormônios”. Por isso, a fome insaciável do distúrbio deve ser constantemente vigiada, como explica Anete: “Um dos sintomas que devem ser tratados no aspecto nutricional e que pode ocasionar obesidade com suas comorbidades (doenças que geram outras doenças) é a diabetes tipo II e a hipertensão arterial“.

Sintomas variam de acordo com a idade

Michelle deixa claro que os sintomas se desenvolvem de maneira diferente a cada idade. “Os bebês apresentam falta de firmeza muscular e dificuldade de sucção. Já a partir dos 6 anos de idade o quadro muda e o portador da síndrome apresenta a compulsão e constante sensação de fome, pois o cérebro não reconhece os sinais de saciedade. Além disso o metabolismo de portadores desta síndrome costuma ser mais lento, agravando o quadro de obesidade”. Dificuldades de aprendizagem, instabilidade emocional e atraso nas fases desenvolvimento também são sintomas, segundo a psicóloga. Os portadores ainda costumam ter estrabismo e dificuldade de socialização.

Como tratar a síndrome de Prader-Willi

A síndrome de Prader-Willi é uma doença crônica e não tem cura. No entanto, é possível tratá-la com um estilo de vida mais saudável. “É necessário o se alimentar de forma equilibrada com refeições em intervalos menores e estimular o consumo de frutas, hortaliças e legumes – alimentos ricos em fibras e que, portanto, garantem mais saciedade”, diz Anete. Já Michelle reforça que é preciso um esforço conjunto para acompanhar o caso. “O acompanhamento multidisciplinar é importante para que o portador viva mais e melhor. Assim, é preciso contar com o trabalho de pediatra, endocrinologista, neurologista, nutricionista, psicólogo, pedagogo, fisioterapeuta, dentre outros profissionais”.

Mudança nos hábitos da família é importante

Alguns hábitos também precisam mudar na vida do portador e de quem está em volta. “É fundamental realizar atividade física para contribuir para o controle do ganho de peso, bem como atendimento psicológico para família e para o paciente acometido“, explica Anete. Para a psicóloga Michelle, a família tem papel primordial no tratamento. “O acolhimento por parte da família é de suma importância para a qualidade de vida do portador da síndrome e para que seu desenvolvimento seja mais sadio”, conclui.

* Anete Mecenas é doutora em Bioquímica pela UFRJ, Mestre em Ciências Farmacêuticas pela UFRJ e especialista em Nutrigenômica na prática clínica e esportiva