Dia do Doador Voluntário de Sangue: as histórias de quem salva desconhecidos
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas. Este é o mantra que os doadores voluntários – como a Dulcinéia Anjos, de 52 anos e a Jane Cristina de Jesus, de 45 anos – recitam para si mesmas a cada novo gesto de solidariedade.
A OMS recomenda que pelo menos 1% da população de cada país deve ser doadora de sangue. Felizmente, o Brasil consegue seguir essa orientação praticamente todos os anos: o percentual de doadores brasileiros corresponde a 1,6% da população. A constatação é positiva, mas o Ministério da Saúde alega que, na verdade, a estimativa representa um universo de mil habitantes cujo apenas 16 pessoas são doadores de sangue. Em outras palavras, 16 a cada cada mil brasileiros contribuem para o estoque de sangue do país. E, dentre essas doações, 66% delas são espontâneas – ou seja, não acontecem devido a algum incidente pontual.
Por mais que as taxas de doações do país estejam estáveis nos últimos anos – o que teoricamente representa uma certa conscientização da população – um dos maiores desafios para os postos de coleta ainda é a falta de conscientização e de informação disponíveis. Por exemplo, muitas pessoas ainda não sabem que para ser doador é necessário ter entre 16 e 69 anos e pesar, no mínimo, 50 kg. As pessoas também têm dúvidas quanto ao uso do sangue e normalmente o atribuem a algum tipo de cirurgia. No entanto, eles também são fundamentais em casos de transplantes, tratamentos oncológicos (câncer), queimaduras, anemias e hemorragias, por exemplo.
Mas, e os que já fazem a sua parte regularmente? Quais são as suas motivações e as suas histórias?
Doar sangue é mais do que um ato voluntário: faz o próprio coração bater mais forte
Doadora voluntária de sangue há cerca de 6 anos, Dulcinéia Anjos é uma profissional da área de tecnologia e foi justamente no seu trabalho que ela aprendeu a real importância de ser um doador de sangue. “Tenho muita satisfação em ser doadora, sou doadora voluntária mesmo! A minha frequência [de doação] é de 4 em 4 meses”, afirma.
Ela faz parte de um programa de voluntariado da empresa em que trabalha e foi graças a esse programa que tudo começou. “Todo mês nós convocamos pessoas lá da empresa mesmo para fazer o recolhimento na Santa Casa [casa de saúde do Rio de Janeiro]”. Ela afirma que no seu trabalho há campanhas incisivas sobre o assunto, o que fez com que ela largasse mão de uma das coisas que mais a travava: o estigma. “Sempre tive medo. Porque o pessoal ficava falando ‘depois que você doar você não pode parar de jeito nenhum, senão fica doente’. Aquelas crendices né? Tudo mito”.
Hoje, Dulcinéia enxerga as doações de maneira mais consciente e carrega um sentimento muito especial pela prática que adotara. “O meu coração só bate mais forte e eu fico muito feliz por saber que a minha bolsinha de sangue pode salvar até quatro vidas”.
‘Tive a necessidade de doar devido a falta de doação’
A assistente social, Jane Cristina de Jesus também começou a doar por conta do seu antigo local de trabalho: doadora voluntária desde 2009, ela adquiriu diversos conhecimentos sobre o assunto no Hemonúcleo de Rio Bonito e passou a entender o quanto as doações são importantes para outras pessoas – mesmo que ela não as conheça. “Tive a necessidade de doar devido a falta de doação. Me sinto muito bem e tenho muita alegria em saber que o meu sangue pode salvar até 4 vidas”. Hoje, ela doa de uma a duas vezes por ano e incentivou a sua filha, Jamile Cristina, de 25 anos, a doar também.
Que tal começar a doar também?
Acho que já deu para entender o tamanho do valor que essa simples atitude carrega, não é? Se você ainda não é um doador, esse é o momento para começar a mudar a sua vida e a vida de outras pessoas. Todos nós devemos fazer a nossa parte. Basta procurar a unidade de coleta mais próxima, como os hemocentros, e se certificar que está apto para começar a salvar vidas!