Ócio é necessário! Entenda a sua importância no nosso dia a dia
Difícil encontrar alguém que não considere a sua vida corrida ou mesmo estressante, principalmente se vive em uma grande cidade. Afinal, é tanta coisa para dar conta que o tempo livre parece ser um sonho distante. O problema é que, quando um horário disponível existe, as pessoas o gastam com alguma atividade, seja ela de lazer ou não. Mas você sabia que o completo ócio pode sim, ser muito benéfico?
Ócio traz autoconhecimento
Para a psicóloga Michelle Lage, o ócio cumpre não apenas uma função psicológica, como também social. Isso porque ele ajuda na nossa reposição física e mental, permitindo não apenas uma conexão melhor com nós mesmos como também nos auxilia a equilibrar a nossa vida. Ela também afirma que a urbanização intensa acabou empobrecendo o autoconhecimento de cada um, e por isso praticar o ócio – isto é, não fazer absolutamente nada por algum tempo – é tão importante.
“A vivência de ócio não é determinada pela atividade que desempenhamos (ou deixamos de desempenhar), nem pelo tempo, nível econômico ou formação de quem a vivencia, mas está relacionada com o sentido atribuído por quem a vive. Vivenciar o ócio diz respeito a algo que é de cada um consigo mesmo, à nossa conexão com nossas necessidades, vontades, pensamentos e sentimentos”, afirma.
Pessoas agitadas podem (e devem) praticar o ócio
Para ter o ócio completo é preciso se desligar, seja das redes sociais ou de outros meios que possam te distrair e levar a sua mente para outros lugares. Mas sim, falar é mais fácil que fazer, ainda mais porque algumas pessoas possuem uma personalidade mais agitada, e por isso teriam mais dificuldade em conseguir não fazer nada de fato. Se esse é o seu caso, saiba que o ócio é ainda mais importante na sua vida.
“Na maior parte das vezes a agitação e a aceleração vêm de uma demanda externa que as pessoas tomam para si. Nestes casos, o ócio pode ser um ótimo aliado, pois permite a conexão das pessoas com seus próprios ritmos e uma desconexão temporária do ritmo externo. De todo modo, a forma como as pessoas se deixam levar pela agitação externa e a função da agitação mental na vida de cada um são questões muito subjetivas, que variam de pessoa para pessoa. Assim, processos de autoconhecimento (como terapia, meditação e prática de exercícios físicos) podem ajudar a compreender melhor o que ocorre em cada caso e pensar em possíveis soluções”, diz a psicóloga.
Tempo dedicado ao ócio varia de pessoa para pessoa
Outra questão importante é saber se existe um tempo específico para se dedicar ao ócio. Afinal, será que 5 minutos antes de dormir são suficientes? Ou é preciso uma meditação de meia hora? A verdade é que não existe uma regra, como ressalta Michelle Lage. “Ócio tem a ver com autorregulação, de forma que o seu tempo é subjetivo, já que é determinado pela necessidade de cada um. Algumas pessoas precisam de mais tempo, outras de menos”, afirma.
Ócio não deve ser associado à preguiça ou à procrastinação
Ao pensar em “não fazer nada” é comum que muitas pessoas pensem que o ócio tem a ver com preguiça ou procrastinação. Afinal, essas características estão associadas ao famoso “deixar para depois”, o que pode de fato se relacionar ao “não fazer nada agora”. Ainda assim, é importante fazer uma diferenciação. Afinal, no caso do ócio, o tempo está sendo dedicado a fazer algo: se desconectar do mundo para se reconectar com o seu eu. Ainda assim, Michelle Lage afirma que é dever de cada um perceber o quanto ele está sendo positivo ou se está realmente se tornando uma desculpa para não fazer nada.
“Assim como em muitos assuntos relacionados à saúde, o que diferencia algo que nos trará benefícios ou malefícios é a dose, a quantidade. Com o ócio não é diferente. ‘Como sabemos até que ponto é ócio saudável ou procrastinação?’ é uma pergunta que pode se comparar a ‘Como sabemos que queremos ir embora de um evento?’, ou ‘Como sabemos quanto tempo de sono é suficiente?’. Mais uma vez não existe fórmula exata. Saber quanto tempo é suficiente para cada um de nós tem a ver com autoconhecimento, com podermos nos conectar com nossos sentimentos, nossas vontades e necessidades”, finaliza a psicóloga.