O que é anorexia nervosa e qual o tratamento para que a pessoa volte a comer bem
Criar uma obsessão com a perda de peso (buscando emagrecer de forma exagerada) pode ser um problema muito perigoso, sabia? Para quem não conhece, a anorexia nervosa é um transtorno alimentar que causa justamente uma preocupação excessiva (e danosa) com o peso corporal. Para entender melhor esse problema e como ele funciona, nós conversamos com a psicóloga Mariana Massari, pós-graduada em Neuropsicologia, que esclareceu bem o que é anorexia nervosa e como tratá-la. Confira!
O que é anorexia nervosa e por que ela ocorre?
De acordo com a psicóloga Mariana Massari, existem diferentes motivos (sociais, psicológicos e biológicos) que podem causar anorexia nervosa e, assim, despertar um sentimento obsessivo com o emagrecimento.
“A anorexia nervosa é um distúrbio alimentar. Sua causa varia de acordo com a pessoa, mas pode ser pelo desejo de controlar algo que está fora de seu alcance, projetado em algo que a pessoa tem controle: seu peso, sua alimentação. Outra possibilidade frequentemente observada é a pressão social e cultural para estar dentro de padrões de beleza cada vez mais difíceis de alcançar. Entramos em ciclos de dietas restritivas, excesso de exercícios físicos, buscando chegar a um corpo muitas vezes incompatível com a nossa biologia, o que nos faz continuar a tentar, sem fim”, explica.
A psicóloga também afirma que existem alguns fatores biológicos que podem acarretar a anorexia nervosa. “Além dessas causas, há a possibilidade de alterações na serotonina e noradrenalina, predisposição genética ou alterações hormonais. Esse distúrbio acomete homens e mulheres. No caso dos homens, pode passar despercebido por estar oculto atrás do objetivo de um corpo musculoso e definido. Sendo assim, o problema pode não transparecer tão rapidamente o sofrimento envolvido neste objetivo”, complementa.
Como saber se a pessoa tem anorexia nervosa?
Existem alguns sinais que ajudam a identificar se a pessoa tem (ou não) anorexia nervosa. Por isso, de acordo com a psicóloga, é importante ficar atento a possíveis sintomas e também buscar o diagnóstico com um profissional especializado.
“O principal sinal da presença do distúrbio é a restrição persistente na ingestão de alimentos por medo de ganhar peso, devido à forma como o indivíduo se percebe. O diagnóstico será feito com avaliação psicológica e médica. A pessoa apresenta dificuldade de manter peso normal para sua idade e altura, com perda significativa de peso em um período curto de tempo e recusa persistentemente em se manter dentro da faixa normal de peso, evitando o consumo de alimentos que engordam”, afirma Mariana.
“Há, também, medo intenso de engordar, mesmo estando abaixo do peso, com fome, se percebendo, muitas vezes, como gordo(a). A maneira com que os sinais aparecem pode variar. Os mais comuns são: restrição de grupos alimentares considerados calóricos – carboidratos e gordura, por exemplo -, contagem de cada caloria consumida, criação de regras absurdas para se alimentar, como comer somente depois de certo horário, apenas um grupo alimentar ou alimentos de uma certa cor ou até mesmo pular refeições”, acrescenta a profissional.
Quais são os sintomas da anorexia nervosa?
Quando a pessoa sofre de anorexia nervosa e tem uma alimentação muito restritiva, o organismo começa a apresentar sinais de fraqueza que se prolongam no dia a dia. Segundo a psicóloga Mariana Massari, existem alguns sintomas principais que derivam desse distúrbio alimentar. “Como consequência desses comportamentos, a pessoa pode alterar seu peso com frequência, apresentar distúrbios físicos – como ausência de menstruação, tonturas, fraqueza e cansaço, arritmia cardíaca, queda capilar e distúrbios psicológicos (como ansiedade e irritabilidade quanto à alimentação e refeições), depressão, dificuldade de concentração, baixa autoestima, isolamento social ou dificuldade de relacionamento”, explica Mariana.
Como tratar anorexia nervosa?
Buscar um tratamento com profissionais especializados é o primeiro passo para escapar da anorexia nervosa – afinal, a pessoa precisa mudar pensamentos e percepções de si mesma (e do seu próprio corpo) para, enfim, conseguir voltar a se alimentar de forma saudável e equilibrada.
“O tratamento é feito com psicólogo, buscando mudanças de crenças desadaptativas (ideias e interpretações que o indivíduo faz do mundo, do outro e de si, que influenciam nas próprias sensações e comportamentos) que levaram a esse distúrbio promovendo autoconhecimento e melhorando a autoestima, visando recuperar a qualidade de vida da pessoa. Outros profissionais de saúde que também são importantes no tratamento: nutricionista – para melhorar o conhecimento sobre os grupos alimentares, montar uma dieta equilibrada e saudável e acompanhar resultados; psiquiatra – em alguns casos o auxílio de medicamentos se faz necessário, principalmente em casos com comorbidades como depressão e ansiedade”, finaliza a psicóloga.