Anemia falciforme: como a alimentação ajuda a tratar essa doença hereditária
A anemia falciforme é uma doença hereditária que, por uma mutação genética, altera a forma dos glóbulos vermelhos, fazendo com que eles fiquem com a aparência semelhante a uma foice (por isso o nome “falciforme”). Essa doença, que não tem cura, é diferente da anemia adquirida, que é causada por carência de nutrientes como o ferro ou a vitamina B12. Os sintomas costumam ser dor nas articulações e ossos, icterícia (condição em que a pele fica amarelada), palidez e propensão a infecções.
No dia 27 de outubro é celebrado o Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas Com Doenças Falciforme. E, para comemorar essa data importante, nós conversamos com a nutricionista Adriana Ávila, que falou sobre como a alimentação correta pode auxiliar no tratamento.
Vale destacar, ainda assim, que esse tipo de doença deve ser sempre tratado com medicamentos e o devido acompanhamento médico. A alimentação, nesse caso, funciona como um auxiliar para manter o organismo equilibrado. Confira!
Dê atenção especial às folhas escuras
De acordo com a nutricionista Adriana Ávila, existe um nutriente que não pode faltar na dieta de quem tem anemia falciforme: “O ácido fólico (vitamina B9) atua na formação de novas células sanguíneas, ou seja, de hemácias. A pessoa com anemia falciforme tende a ter a destruição das hemácias aumentada, então precisa de mais ácido fólico”, explica.
A boa notícia é que é possível aumentar o consumo desse nutriente incluindo alguns alimentos naturais no cardápio: “A vitamina B9 pode ser encontrada nas hortaliças verde-escuras, tais como couve manteiga, rúcula, escarola, espinafre, mostarda, brócolis (flores, talo e folhas), nas folhas e talos da cenoura e beterraba. Além disso, leguminosas (feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico), semente de girassol ou de linhaça também fornecem esse nutriente”, complementa Adriana.
Controle o consumo de ferro
Você sabia que quem tem anemia falciforme precisa ter atenção com o consumo de ferro? A nutricionista explica por que isso ocorre e como se adaptar a essa condição: “Com a quebra desordenada das hemácias (que ocorre no organismo do paciente com anemia falciforme), há uma liberação maior do ferro presente nas hemoglobinas. Pode ocorrer, então, o acúmulo desse mineral nos órgãos. Por isso, se faz necessário o controle do consumo de ferro”, explica Adriana.
Alguns alimentos que devem ser consumidos de forma moderada são: carne vermelha, fígado, coração, peixes, gema de ovo, quinoa, aveia, cevada, leguminosas, frutas secas (figo, uva passa, pêssego, damasco) e ostras.
Vale destacar que alguns alimentos ricos em ferro também são fontes de ácido fólico. Por isso, a nutricionista destaca que eles devem ser consumidos com cautela. O ideal, para ter um plano alimentar que atenda bem às particularidades da doença, é sempre contar com o acompanhamento de um médico e um nutricionista.
Ômega 3 ajuda na saúde vascular
Segundo a nutricionista, o ômega 3 é outro nutriente que ajuda muito a tratar anemia falciforme e outras doenças sanguíneas. “Esse ácido graxo previne a obstrução (oclusão) dos vasos sanguíneos nas pessoas que têm anemia falciforme, evitando as dores que podem afetar os ossos, músculos e articulações”, explica.
Para enriquecer sua rotina de alimentação, invista em peixes ricos nesse ácido graxo, como atum, salmão, sardinha, cavala, cavalinha, namorado, pescada amarela e nas oleaginosas, como amêndoas, nozes, avelãs e castanhas.
Líquidos não podem faltar na alimentação
O anêmico falciforme precisa sempre repor a quantidade de líquidos de seu corpo. A nutricionista destaca que esse é um dos pontos mais importantes. “Ter uma ótima hidratação com água ajuda a minimizar ou evitar dores – pois, com mais água, o sangue fica menos viscoso e circula melhor. A recomendação média é de 2 litros de líquido ao dia, preferencialmente de água natural potável”, recomenda.
Consuma alimentos ricos em vitaminas A, do complexo B, C, D, cálcio e zinco
Além de investir no ácido fólico e no ômega 3 – nutrientes indispensáveis para quem tem anemia falciforme -, é importante aumentar o consumo de certas vitaminas e minerais. Confira as recomendações da nutricionista:
Vitamina A é necessária para a saúde da pele
“A vitamina A é importante para proteger a integridade da pele, pois a pessoa com anemia falciforme está mais sujeita a ter úlceras (lesões) principalmente nas pernas. Esse nutriente é encontrado nos seguintes alimentos: mamão, manga, damasco, abóbora, cenoura, batata doce, verduras verde-escuras, leite e derivados, fígado, entre outras fontes”.
Vitamina C melhora o sistema de defesa do corpo
“A vitamina C é necessária para manter o sistema imunológico em ordem. Mas, como ela aumenta a absorção do ferro, evite consumi-la junto com alimentos ricos no mineral. As principais fontes de vitamina C são: frutas (laranja, kiwi, abacaxi, tangerina, limão, goiaba, caju, acerola, morango, limão), pimentão, couve crua e pimentão”.
Vitamina B6 melhora a produção das hemácias
“A vitamina B6 (piridoxina) é necessária para a produção e maturação das hemácias. Por isso, ela é muito importante para a pessoa com anemia falciforme. Suas principais fontes são: fígado, salmão, banana, ameixa, entre outras”.
Vitamina D e cálcio fortalecem os ossos
“A vitamina D e o cálcio são importantes para o crescimento de ossos fortes, o que é necessário para pessoas com anemia falciforme. A vitamina D também participa do sistema imunológico. As fontes desses nutrientes são: leite, iogurte, queijo, peixes como sardinha, cavala, cavalinha, salmão, atum, namorado ou pescada amarela”.
Zinco tem ação anti-inflamatória
“O zinco também cuida da integridade da pele, reduzindo a ocorrência de infecções oportunistas, que ocorrem quando o sistema imune não está agindo plenamente. As fontes de zinco são: carne vermelha, ostras, mariscos, fígado e gema de ovo”.
É necessário evitar certos alimentos e ter um estilo de vida balanceado
Para ter uma boa qualidade de vida, sem sentir os sintomas da anemia falciforme, é fundamental apostar em um plano alimentar equilibrado. Além de ter um maior controle nutricional, a nutricionista destaca que fazer algumas restrições alimentares também pode ser benéfico:
“O gasto calórico nesses pacientes é aumentado por conta de um metabolismo mais acelerado. Por isso, é importante fornecer as calorias suficientes para não haver o emagrecimento indesejado, a desproteção do sistema imunológico e, com ela, as infecções e úlceras de perna”, explica.
“Tenha cuidado com o excesso de gordura saturada e colesterol na alimentação para não prejudicar ainda mais a circulação do sangue. O excesso de sal/sódio pode levar à sobrecarga dos rins, então evite esse abuso”, finaliza Adriana.
Última edição: 17/09/2021