Trilhas inspiradoras: 3 pessoas relatam o que aprenderam com as caminhadas
Quando se fala em “trilha”, muita gente logo pensa nessa atividade como uma maneira de se exercitar e estar em um maior contato com a natureza. No entanto, ainda que isso tudo não deixe ser verdade, o ato de caminhar também pode vir acompanhado de uma sensação de bem-estar – como contam Luisa Sarmento, Paulo Figueiredo e Beliza Sanches, três praticantes de trilha que relataram um pouco de suas experiências e tudo o que aprenderam com elas. Confira as histórias para se inspirar!
Luisa Sarmento, 54: Trilhas ajudaram a escolher a profissão de zoóloga e funcionam como um momento de reflexão
A paixão por explorar a natureza através de trilhas não é de hoje na vida de Luisa Sarmento. Ela conta que, desde adolescente, adquiriu o hábito de conhecer novos espaços sempre que tinha chance – e que, inclusive, todos do seu convívio achavam estranho ela gostar de visitar lugares no meio do mato. Mas a afinidade com essa atividade rendeu frutos: quando chegou a fase de definir a profissão, não por acaso, a faculdade de Biologia foi a escolhida, e hoje Luisa trabalha como zoóloga. “Claro que escolhi a Biologia. Adorava a vida, os detalhes, e a interação entre os organismos vivos”, afirma, orgulhosa.
Muito além de uma forma de se exercitar, a zoóloga também gosta do valor reflexivo que pode acompanhar as trilhas – tanto que, dentre todas que já fez, define a de Ilha Grande como a mais marcante justamente por isso. “Marcou muito minha vida. Ali, fiz uma profunda reflexão do papel que temos em nossas vidas”, relembra. No entanto, esse momento individual não é o único aprendizado que ela tira das caminhadas na natureza: dependendo de onde vá, outro destaque é a oportunidade de entrar em contato com novas culturas e pessoas. A caminhada em si é bela e lúdica. É inesquecível. Mas o melhor de tudo é interagir com as comunidades locais, conhecer seus hábitos. O modo como vivem e se relacionam com o mundo natural”, diz.
Por isso, além das dicas práticas – como alongamento e rotação das articulações -, Luisa também recomenda deixar algo de bom no lugar onde passa. “Quando fazemos uma trilha num lugar selvagem, natural, podemos sempre ter em mente o que podemos deixar em troca. Deixe um sorriso. Se puder fazer algo pela comunidade, faça”, finaliza.
Paulo Figueiredo Junior, 27: A curiosidade pela vista do topo despertou o interesse do jornalista pelas trilhas
O jornalista Paulo Figueiredo Junior ainda é novato no mundo das trilhas, mas já tem sete em sua conta – como o Costão de Itacoatiara, a Pedra Bonita, a Pedra dos Cabritos, o Morro da Urca e o morro Dois Irmãos, por exemplo. O que o levou a ter esse hábito foi a curiosidade de saber qual seria a vista de determinado topo por adorar mirantes e horizontes, e a sensação terapêutica que vem junto com o final do desafio. “Eu encaro o caminho e as dificuldades de cada trilha como obstáculos menores frente à beleza da chegada. Além disso, após fazer algumas trilhas, eu comecei a achar muito divertido essa coisa de parar, ficar com medo, pensar melhor e achar um jeito de subir cada ponto. Isso me trouxe uma metáfora muito boa em relação à resolução de problemas. É terapêutico”, afirma.
Falando em desafio, um dos episódios que Paulo destaca como o mais marcante é o que viveu durante uma trilha no Distrito Federal que não era muito demarcada. Sem saber o caminho ao certo, ele e seus amigos foram parar em um ponto perigoso, onde o mínimo erro seria crucial. “Quando vimos que qualquer tropeço nos mataria, nos convencemos de que aquele não era o caminho certo. Voltando, escalamos um paredão de pedras não tão íngreme e passamos um final de tarde muito lindo neste processo. Eu parei de ter preguiça de fazer trilha ali, porque vale muito a pena. É sempre uma surpresa não catalogada e cada pessoa se encanta com uma parte diferente do caminho, eu acho”, conta.
Para quem está pensando em começar essa atividade, o jornalista deixa algumas dicas – como fazer uma refeição equilibrada para não pesar o estômago, levar água e alguns snacks para matar a fome no meio do caminho, tomando o cuidado de não levar muito peso para não dificultar a caminhada. E para ficar mais motivado a encarar o desafio, ele também deixa o recado: “o ideal é começar pela trilha que você tem mais curiosidade, que acha que vai ser a mais bonita. Aí fica mais fácil se empolgar”, aponta.
Beliza Sanches, 26: Viagens para locais com belezas naturais sempre acabam em trilha para a assistente de estilo
A assistente de estilo Beliza Sanches já não sabe dizer ao certo quantas e quais trilhas fez ao todo – mas, entre seu repertório, inclui a Floresta da Tijuca, Ibitiboca (Minas Gerais), Fernando de Noronha (Pernambuco), Bonito (Rio Grande do Sul) e até Ushuaia, na Argentina. Isso tudo porque, sempre que viaja, ela resolve entrar em contato com a natureza através das trilhas se o clima do local pedir. “Sou muito da vibe do local! Quando a viagem é natureza, tem sempre uma trilha legal. Aí a galera topa e todo mundo entra em acordo e vai. Não sou trilheira, sigo a energia da viagem”, explica.
Mas, independentemente de ser expert em trilhas ou não, Beliza conta que já aprendeu muito com todas as caminhadas que fez – e, assim como Luisa e Paulo, destaca o momento terapêutico e de reflexão que vem junto com a caminhada. “Aprendi sobre perseverança, porque todas elas valem muito a pena no final! Tem sempre uma cachoeira ou uma praia maravilhosa… Ou, às vezes, uma vista espetacular. Passar um tempo em contato com a natureza é sempre bom para restabelecer nosso próprio equilíbrio também”, destaca.
Sua dica prática para quem quer começar a fazer trilha é levar, junto com água e comida, um chocolate para ajudar a levantar a pressão e dar mais energia. Já para aproveitar bem a atividade, ela recomenda sentir o clima do local e uma boa companhia. “Sinta a energia do local e se entregue, porque sempre vai ser uma experiência maravilhosa. E em grupo tudo fica mais leve”.