Reducetarianos contam por que reduziram o consumo de alimentos de origem animal
Considerado uma prática cada vez mais comum nos últimos anos, o reducetarianismo vem conquistando adeptos ao redor do mundo entre aqueles que buscam diminuir o consumo de carne e de outros produtos de origem de animal no seu dia a dia. De acordo com a Fundação Reducetariana (The Reducetarian Foundation), a dieta é voltada para o consumo consciente e equilibrado de todos alimentos de origem animal – diferindo-se de outras práticas que visam substituir a carne bovina (e outros produtos animais) por completo, como o veganismo e o vegetarianismo.
Os reducetarianos partem do pressuposto que pequenas mudanças no comportamento pessoal fazem diferença no meio ambiente, na vida dos animais e na saúde humana, sobretudo se forem praticadas de maneira coletiva. Para entender melhor esse estilo de vida alimentar, nós conversamos com o antropólogo Rafael Damasceno e com a estudante de contabilidade, Maiara Martins – dois reducetarianos que nos contaram por que aderiram a essa dieta e quais são os pontos positivos dessa mudança. Dá uma olhada!
Para Rafael, de 25 anos, comer menos carne se tornou um hábito já na adolescência
Comovido com um documentário que assistiu na adolescência, Rafael Damasceno, de 25 anos, começou a se transformar em um reducetariano aos 15 anos de idade.
“Eu me lembro que quando eu tinha 15 anos assisti um documentário chamado “Terráqueos” (2005) que me impactou muito e me fez ser vegetariano por alguns meses. Mas eu estava numa fase de puberdade e acho que não fui muito bem-sucedido nessa substituição de consumo da proteína na época. Assim, a pedido dos médicos que entendiam sobre o assunto e, também, por morar no interior, eu acabei cedendo e voltei a consumir carne. Só que, desde então, eu nunca mais consegui comer a mesma quantidade da proteína. Passei comer mais peixe e deixou de ser prazeroso o consumo de carne. Foi uma coisa automática, um pouco inconsciente até”, explica Rafael.
O antropólogo também conta que, ao aderir à prática, um dos principais benefícios foi passar a valorizar os acompanhamentos das refeições. “Acho que nas famílias e na cultura brasileira, em geral, tudo gira em torno da carne, né? Ela costuma ser o principal do prato e o resto é acompanhamento. Para mim foi o contrário: quando diminuí o consumo de carne, comecei a apreciar mais os carboidratos, as variedades de legumes e passei por uma transição de paladar também”, afirma.
Assim, Rafael começou a dar preferência aos acompanhamentos e a preparar omeletes, receitas com grão-de-bico e outras proteínas como alternativa à carne. “Se eu como carne no almoço, costumo preparar ovo ou outros grãos, como grão-de-bico, feijão e lentilha, à noite”. Para ele, o maior benefício em ser reducetariano é ter uma dieta mais diversificada e equilibrada.
Para Maiara Martins, de 22 anos, reduzir o consumo de alimentos de origem animal foi um processo de conscientização com o meio ambiente
Saber que o consumo de carne (e de outros alimentos de origem animal) pode impactar negativamente o meio ambiente e o planeta foi um fator decisivo para Maiara Martins, de 22 anos, se tornar reducetariana e optar por uma alimentação mais sustentável.
“Eu não comecei a reduzir esse tipo de consumo por uma questão de alimentação necessariamente, foi mais uma consciência que veio pela exposição à informação sobre o meio ambiente e sobre como o consumo de carne bovina é um dos grandes fatores agravantes das zoonoses (doenças transmissíveis entre animais e seres humanos), do aquecimento global, da devastação das matas e muito mais. Assim, aos poucos eu fui parando de comer carne vermelha, até que eu virei para mim mesma e falei ‘Acho que vou parar de vez’. Com o tempo eu pretendo parar de comer também outros alimentos que provém da carne, como queijo e ovo”, explica a estudante de contabilidade.
Assim como Rafael Damasceno, a conscientização de Maiara com as questões ambientais também surgiu através de um documentário que relaciona os nossos hábitos de consumo com a sustentabilidade do planeta – no seu caso, o longa que a impactou foi “Seremos História?” (2016). Desde então, a jovem afirma que a mudança foi um processo gradativo, que fez com que ela se sentisse mais saudável e mais consciente a respeito do planeta.