Fome de campeão! Saiba como funciona a alimentação de um atleta profissional
Quem nunca ouviu falar na expressão “fome de atleta”? Se para uma pessoa normal, que pratica suas atividades físicas sem tanta intensidade, manter o controle alimentar é algo extremamente necessário, imagine para quem depende diretamente do desempenho de seu corpo para atingir seus objetivos? Por isso, para sabermos mais como funciona o dia a dia alimentar de um esportista, entrevistamos a nutricionista Renata Parra, do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O metabolismo de um atleta profissional tende a ser muito mais acelerado do que o normal, pela maior atividade física e o desgaste do dia a dia, por isso, sua alimentação precisa seguir todas as necessidades funcionais de nutrição para manter o organismo sempre regulado, para suportar a carga de treinamentos e deixar o peso corporal na medida certa. Veja, abaixo, o que a Dra. Parra destaca sobre a alimentação específica para esportistas.
Alimentação específica para o melhor desempenho de atletas profissionais
– Qual o impacto da alimentação no desempenho dos atletas?
“A alimentação equilibrada de macro e micronutrientes ao longo do dia e, principalmente antes, durante e após os treinos, irá garantir os nutrientes necessários para reposição do glicogênio muscular (combustível do nosso corpo que fornece energia instantânea para os músculos durante a atividade física), síntese de massa muscular (ganho de massa), redução do estresse oxidativo (recuperação do corpo), entre muitas outras funções. Um atleta mal alimentado terá maiores riscos de queda de performance, desidratação, perda de massa muscular, queda do sistema imunológico e aumento das lesões.”
– Como é planejada uma dieta para um atleta? Em que se baseia esse planejamento?
“A dieta se baseará na modalidade que o mesmo pratica, exercícios resistidos ou de endurance têm características distintas. Algumas modalidades necessitarão de um aporte maior de carboidrato e proteína do que outras. A dieta é planejada de acordo com o objetivo individual de cada um, necessidade de perda de gordura corporal, hipertrofia muscular, redução do estresse oxidativo, etc. Leva-se em consideração o peso, estatura, idade, rotina de treinos (intensidade, volume, duração) e composição corporal. Avalia-se também a necessidade de uso de suplementos nutricionais.”
– O que são esses suplementos?
“Os suplementos alimentares são preparações destinadas a complementar a dieta e fornecer nutrientes, como vitaminas, minerais, fibras, ácidos graxos ou aminoácidos, que podem estar faltando ou não podem ser consumidos em quantidade suficiente na dieta de uma pessoa. Estes não promovem aumento de desempenho.
– Recurso ergogênicos também auxiliam no processo suplementar? Como ele funciona?
“Os recursos ergogênicos são substâncias ou artifícios utilizados com o objetivo de aumentar o desempenho e prevenir ou retardar o início da fadiga. Eles podem ser classificados em cinco categorias: mecânicos, psicológicos, farmacológicos, fisiológicos e os nutricionais, que incluem carboidratos, proteínas, aminoácidos, cafeína, termogênicos, entre outros.”
– Como deve ser a hidratação de um atleta durante o treino? E como é calculada a quantidade ideal para o consumo de água?
“A hidratação deve ser realizada ao longo do dia. Para este cálculo leva-se em consideração o peso do atleta e multiplica-se pelo valor de 55 ml, um pouco a mais que o valor de um indivíduo não atleta, 33 ml. Para o cálculo do consumo pré, intra e pós-treino. O American College of Sports Medicine (ACSM), sugere um consumo de 500 a 600 ml antes do treino, 100 a 200 ml a cada 20 minutos de treinamento e uma reposição de 1,5 litros para cada quilo de peso perdido após o treino. Para isso, é importante que o atleta se pese antes e após os treinos e controle a quantidade de líquidos ingerida.”
– O que a má hidratação pode causar em atletas?
“A má hidratação pode causar desde sintomas leves como aumento da sede, perda de apetite, sonolência, redução da concentração, tontura, dor de cabeça, câimbras musculares, como também sintomas mais graves como a redução da frequência cardíaca, comprometimento da regulação da temperatura corporal. Tudo isso pode ocasionar queda de desempenho e complicações na saúde.”
– Os isotônicos são uma boa forma de repor os líquidos perdidos durante o treino de um atleta? Por quê?
“Sim, pois além de repor o carboidrato (fonte de energia gasta durante o exercício), ele também possui os eletrolitos (sódio, potássio, cloro, entre outros) perdidos no suor. Os isotônicos contribuem para manutenção do esforço físico, contração muscular, prevenção de câimbras, por exemplo.”